CONTENÇÃO
FÍSICA DE PEQUENOS ANIMAIS
A
contenção física tem como finalidade restringir os movimentos do animal na
tentativa de realizar a avaliação do paciente e/ou a execução de outros
procedimentos como a manutenção de curativos, administração de medicamentos. Em
pequenos é um momento delicado no contexto da inter-relação
“proprietário-veterinário” já que há uma certa hesitação por parte dos donos no
momento que esse animal será imobilizado, por mais que o animal se apresente
dócil a contenção deve ser realizada de maneira cautelosa pois na simples
palpação de uma estrutura que se apresente sensível pode gerar uma reação de
defesa como mordeduras e arranhaduras no caso de cães e gatos.
OBJETIVOS:
- Proteger o examinador, o
auxiliar e o animal.
- Facilitar o exame
físico.
- Evitar fugas e acidentes
como fraturas.
- Permitir procedimentos diversos
(medicação injetável, curativos, cateterização, exames radiográficos, colheita
de sangue, etc.).
A abordagem deve ser
realizada com calma evitando movimentos bruscos, pois isso pode levar a alteração
dos parâmetros fisiológicos do animal, a abordagem incorreta também pode levar
o paciente a óbito devido ao estresse (como tétano, dispneia acentuada por
estenose das vias aéreas, insuficiência cardíaca grave, etc.), ou desencadear
um comportamento não cooperativo dificultando o estabelecimento do diagnostico.
Para suavizar o efeito da
contenção o examinador deve realizar uma socialização com o paciente, pode ser
feito ao se aproximar do animal com estalo dos dedos, assoviar, carinho (se o
animal permitir). Também devemos tomar cuidado com o ambiente selecionado para
a contenção (chão, mesa), tomar cuidado com pisos escorregadios que podem levar
o animal a fraturas nos membros até a lesões irreparáveis como fraturas de
coluna ou a um trauma, crânio encefálico.
CUIDADOS
GERAIS
-
Evitar movimentos bruscos e precipitados. Seja tranquilo, firme e confiante!
- Tentar ganhar a
confiança do paciente: converse, chame o animal pelo nome, acaricie-o, brinque,
ofereça guloseimas e/ou alimentos apetitosos, caso os tenha.
- Iniciar com a contenção padrão mais
simples para a espécie em cães, por exemplo, usar mordaça, botinhas de
micropore nos gatos.
ESPECIFICADES
DE CONTENÇÃO FÍSICA EM CÃES:
O Veterinário devera se
informar com o proprietário sobre o temperamento do animal para escolher o
método de contenção adequado, na maioria das vezes a contenção pode ser
auxiliada pelo proprietário sob orientação do examinador, em casos que nem o
proprietário consiga auxiliar deve-se optar pelo uso de focinheira, cambão ou
utilizar a contenção química.
PASSOS
PARA A REALIZAÇÃO DA CONTENÇÃO:
Abordagem inicial: Falar
em tom amistoso, passar a mão sobre o dorso do animal, posteriormente oferecer
as costas da mão para ele cheirar o que ajudara a captar a confiança do
paciente. Animais de pequeno e médio porte são contidos com maior facilidade em
cima de uma mesa com superfície não escorregadia, já animais de porte grande a
gigante a contenção pode ser realizada no chão.
A imobilização na posição
quadrupedal ou em decúbito lateral facilitam a sequencia do exame físico e
demais procedimentos como colheita de sangue raspado de pele entre outros.
(FEITOSA, 2014) (CBMM5,2010)
Contenção manual: coloque um braço sob
o pescoço e passe o outro braço sob o abdome do animal (FEITOSA, 2014).
Técnicas de contenção :
1. Mordaça:
(CLINICAMICAO; BLOGSPOT; 2010)
(FEITOSA, 2014)
2. Focinheira:
(WEBANIMAL, 2015)
3. Cambão
(FILISCOMERCIO, 2015)
ESPECIFICADES
DE CONTENÇÃO FÍSICA EM GATOS:
A contenção física dos
gatos é uma difícil tarefa e requer cuidado e habilidade motora por parte do
examinador ou auxiliar pois os gatos são mais ágeis e se desvencilham
facilmente quando a contenção é realizada de maneira incorreta, são
relativamente pequenos o que torna a imobilização mais trabalhosa pelo risco de
acidentes com uso excessivo de forças, utilizam dos dentes e garras para se
defenderem, possuem características territoriais o que leva a um grande
estresse pela mudança de ambiente.
PASSOS
PARA A REALIZAÇÃO DA CONTENÇÃO:
Os gatos devem ser
deixados com seus proprietários ou em caixas de contenção e retirados apenas no
momento da sua avaliação, a relação veterinário – paciente é mais resistente
quando comparada com cães, a aproximação pode ser realizada coçando a cabeça.
O primeiro passo para a
contenção é fechar as portas e janelas do local de exame, iniciar o exame com o
mínimo de imobilização, colocação de botinhas de esparadrapo após posicionar o
animal sobre a mesa, se o animal estiver mantido dentro da caixa de transporte
ou papelão a retirada deve ser feita pelo proprietário.
Os gatos estão sujeitos a
rápida mudança de comportamento, quando se apresentam hostis é recomendado
que se realize a contenção manual
mantendo a cabeça do animal dentro da palma da mão do ajudante e os membros
esticados, após colocar o animal em decúbito lateral pode ser passado uma
toalha em volta. Gatos mais agressivos podem ser segurados pela pele que reveste a porção superior da
região cervical logo atrás das orelhas o que impedirá de virar e morder o
responsável pela contenção.
1. Caixa de transporte:
(VETARQ, 2015)
2. Método
da toalha:
(TOUTIAU, 2013)
3. Contenção manual:
(VETARQ, 2015)
CONTENÇÃO QUÍMICA EM CÃES E GATOS
A
contenção química em pequenos animais é realizada por vários motivos sejam eles
a tranquilização de um paciente agressivo para que se possa realizar um exame
físico completo com menos alterações fisiológicas do que submete-lo a uma
situação de estresse extrema pela contenção física, também pode ser utilizada
para a realização de exames complementares que causem dor ou necessitem de uma
maior manipulação como radiografias contrastadas, que também necessitam de
imobilização total do paciente pelo posicionamento especifico.
O
médico veterinário deve conhecer os efeitos dos fármacos administrados para
saber avaliar os seus achados clínicos que são decorrentes do seu uso e saber
diferencia-los da enfermidade a ser pesquisadas, alterações na frequência
cardíaca, respiratória e pressão arterial são algumas das consequências do uso
dessa técnica. O efeito dos fármacos também varia de acordo com as diferentes
raças principalmente dos cães pela variação de porte, as vezes cães de porte
grande são mais calmos e necessitam de uma dose menor, já cães de porte pequeno
são agitadas e necessitam de uma dose maior.
O
estado físico do paciente é limitante para o uso da contenção química pois alguns fármacos
trazem grandes riscos para pacientes, hipovolêmicos desnutridos ou
desidratados, cardio, hepato e nefropatias podem influenciar na escolha do
agente. Além de todos esses fatores as vias de administração influenciam na
técnica e nos fármacos a serem escolhidos.
VIAS DE ADMNISTRAÇÃO
UTLIZADAS NA CONTENÇÃO QUIMICA
VIA
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DEFINIÇÃO
|
Via Oral (V.O.)
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Abordagem segura, de preferencia palatável,
forma de comprimidos drágeas ou liquido. Vantagem método não invasivo,
desvantagem alto tempo de latência, média de 1 a 2 horas.
|
Via Tópica (V.T.)
|
Gel, pomadas, sprays aplicados na pele ou em
mucosas, porém possuem efeitos superiores, normalmente associados a
tranquilizantes/sedativos. Ex: colírios anestésicos > analgesia na córnea
> retirada de corpos estranos
|
Via Subcutânea (S.C.)
|
Utilizada quando se deseja retardar a
absorção do fármaco ou medicamentos oleosos diminuindo a dor. Local utilizado:
regiões lateral ou dorsal do tórax ou abdome pela elasticidade da pele.
|
Via
Intramuscular (I.M.)
|
Abordagem segura, desvantagem medicamento
viscoso ou com pH extremos podem causar dor, local de eleição massa muscular
da coxa (mm. Semitendineo e semimembranáceo). Erros na aplicação ou
antissepsia podem levar a formação de abcessos.
|
Via Intravenosa (I.V.)
|
Vantagem efeito praticamente imediato após
a aplicação, desvantagem o animal deve estar imóvel para localização e punção
do vaso (v. cefálica, v. radial, v. jugular em animais hipotensos ou em
choque),
|
Via
Oral (V.O.):
Via Tópica (V.T.):
Via
Subcutânea (V.S.):
Via Intramuscular (I.M.):
(FEITOSA, 2014)
Via
Intravenosa (I.V.):
(FEITOSA, 2014)
REFERÊNCIAS
FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014. Cap. 2 - Contenção física dos animais domésticos p. 28-34.
FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014. Cap. 3 - Contenção química p. 48-62.
show!
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