A
palavra semiologia provém do grego semeion:
que quer dizer sintomas/sinais; logos:
que significa ciência/estudo. A semiologia é a parte da medicina que estuda
os métodos corretos do exame clinico, sendo que os sinais clínicos podem gerar
a interpretação dos mesmos, reunindo todas as informações possíveis para
construção de um diagnostico.
A semiologia pode ser subdivida em alguns itens:
-
Semiotécnica: Uso de
todos os recursos por parte do clínico para examinar o paciente enfermo desde a
observação até a utilização de exames mais complexos
-Clinica
Propedêutica: Reúne e
interpreta os dados obtidos através do exame do paciente.
-
Semiogênese: Procura
explicar quais os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem
na doença.
CONCEITOS
GERAIS
Na medicina veterinária a
definição de sinal/sintoma é um evento anormal, orgânico ou funcional, pelo
qual as doenças se revelam no animal (tosse, claudicação, dispneia). O sinal,
por sua vez, não se limita à observação da manifestação anormal apresentada
pelo animal, mas principalmente, a avaliação e a conclusão que o clínico retira
do que foi observado ou por métodos físicos de exame. É um elemento de
raciocínio! Por exemplo, quando há um aumento de volume em determinada região e
sugere que seja um edema, para confirmar a sugestão se faz uma aplicação de
compressão digital no local e se encontrar a marca do digito, após a retirada
do dedo, é confirmado o edema, esta manobra se chama sinal de Godet positivo.
Síndrome: do grego syndromos = que correm juntos. É um conjunto de sinais clínicos de
múltiplas causas, que afetam vários sistemas, podem caracterizar algumas
enfermidades especificas (Síndrome úveo-dermatológica, síndrome de
Shif-Sherington).
Diagnóstico: do grego diagnosis = ato de discernir, de conhecer. O diagnóstico é o ato de
reconhecer determinadas enfermidades pelos sinais clínicos como também prever a
sua possível evolução. Para um diagnóstico correto devemos realizar uma
anamnese detalhada, um exame físico correto a e depois partir para os exames
complementares, após a anamnese e o exame físico começam a surgir hipóteses,
depois ocorre a avaliação dessas hipóteses, que devem ser calmamente analisadas
e não devem ser precoces ou tendenciosas, pois podem resultar em um diagnostico
incorreto.
(FEITOSA,
2014).
Chegar a um diagnóstico é o trabalho mais
difícil na pratica da medicina veterinária e implica diretamente sobre o
sucesso no tratamento, existem alguns princípios enunciados por Huchinson no
inicio de século que são válidos até a atualidade para se determinar um
diagnóstico correto.
1. Não seja demasiadamente
sagaz.
2. Não tenha pressa.
3. Não tenha predileções.
4. Não diagnostique
raridades. Pense nas hipóteses mais simples.
5. Não tome um rótulo por
diagnóstico.
6. Não tenha predileções
7. Não seja demasiado
seguro de si.
8. Não hesite em rever seu
diagnóstico, de tempo em tempo nos casos crónicos.
Diagnóstico
|
Significado
|
Presuntivo
|
Quando não é possível estabelecer de
imediato o diagnóstico exato. Com a evolução do caso procura-se estabelecer
por exclusão através das características dos sinais clínicos, tratamento
(evolução) e exames complementares a serem realizados.
|
Definitivo
|
O nome é autoexplicativo, é o
diagnostico que define qual é a enfermidade, pode ser estabelecido através do
exame físico (ex: ausculta de um sopro cardíaco) ou do auxilio de exames
complementares (Ex: histopatológico para confirmar neoplasia).
|
Diferencial
|
Caracterização de uma determinada
enfermidade com base na comparação a outra que apresente sinais clínicos
semelhantes e por exclusão se define qual é a correta. (Ex: Gastroenterites hemorrágica
de Parvovirose ou Coronavirose). Podendo recorrer a lista de enfermidades da
qual foi listada, caso o tratamento estabelecido não tenha sido efetivo.
|
Prognóstico:
do grego pró: antes;
gnosis: conhecer. Consiste em conhecer a enfermidade e suas possíveis
consequências, o prognóstico consiste em 3 perspectivas : I. Salvar a vida, II.
Recuperar a saúde, III. Manter a capacidade funcional de determinado órgão ou
sistema. O prognóstico deve ser estipulado de maneira racional levando em
consideração dados obtidos do histórico e avaliação clinica do animal para uma
evolução para a cura.
Prognóstico
|
Perspectiva
|
Favorável
|
Evolução satisfatória da enfermidade
(cura).
|
Reservado
|
Curso imprevisível ou com chance de
complicações causadas pela enfermidade.
|
Desfavorável
|
Término fatal ou possibilidade de
óbito causado pela enfermidade.
|
Tratamento:
Meio utilizado para combater a doença e pode ser classificado em:
Causal
|
Combate a causa da enfermidade (Ex:
administração de cálcio em casos de hipocalcemia).
|
Sintomático/Paliativo
|
Visa combater os sintomas (Ex:
animal com dor é administrado analgésico).
|
Patogênico
|
Procura modificar o mecanismo da
doença no organismo (soro antitetânico antes que as toxinas atinjam os
neurônios).
|
Vital
|
Procura evitar complicações que
levem o animal a morte (Ex: transfusão sanguínea).
|
Terapêutico
|
Procura realizar o fármaco para
combater a doença e ao mesmo tempo com a evolução favorável, chegar ao
diagnóstico definitivo.
|
MÉTODOS
GERAIS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA
Inspeção:
Utilizando a visão a
distância, antes mesmo do inicio da anamnese, investiga-se a superfície
corporal. Pode ser durante o exame físico realizado.
Palpação:
Utilizando o tato
através das mãos, pontas dos dedos para melhor determinar características de um
sistema orgânico ou área explorada.
Auscultação: Avaliação dos ruídos que os órgãos
produzem e também identificação de alguma alteração nos mesmos com auxilio de
um estetoscópio.
Percussão:
Pequenos golpes e
batidas aplicados a determinadas áreas do corpo do animal é possível se obter
informações sobre os tecidos adjacentes e porções mais profundas.
Olfação:
Exploração pelo
olfato das transpirações cutâneas, do ar expirado e das secreções eliminadas
pelo animal.
Exames
complementares: Realizados
após exame físico aumentam as chances de se identificar com precisão as
modificações ocasionadas pela enfermidade. Ex: Citologia, Punção, Hemograma,
Leucograma, Radiografia, Ultrassonografia entre outros.
PLANO
GERAL DE EXAME CLÍNICO
Etapas
|
|
Identificação
do animal (resenha)
|
Espécie, raça, sexo, idade e direcionamentos
particulares de cada item. (ex: raças com predisposição a determinadas
enfermidades especificas).
|
Investigação
da história do animal (anamnese)
|
Queixa principal, historia médica
recente, comportamento dos órgãos, historia médica pregressa, ambiente e
manejo, histórico familiar.
|
Exame
físico geral
|
Detalhado principalmente relacionado
ao estado fisiológico básico do animal e sem se deixar induzir pelo sistema
afetado relatado na queixa principal. Avaliação dos parâmetros vitais.
|
Exame
físico específico
|
Avaliação especifica dos sistemas
(pele, reprodutor, neurológico, entre outros). Visando as arguições sobre a
queixa principal.
|
Exames
complementares (se necessário)
|
Solicitar visando concretizar ou
sanar qualquer duvida após a realização do exame físico ou avaliar a
gravidade da doença.
|
Diagnóstico
e prognostico
|
Definir a enfermidade e sua evolução
e probabilidade de cura.
|
Tratamento
|
Resolução do problema ou parte do
problema, visando dar qualidade de vida ao paciente.
|
REFERÊNCIA
FEITOSA, FRANCISCO
LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA,
FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014. Cap.
1 - Introdução a Semiologia. p. 01-27.
Nenhum comentário:
Postar um comentário