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sábado, 24 de outubro de 2015

INTRODUÇÃO A SEMIOLOGIA



A palavra semiologia provém do grego semeion: que quer dizer sintomas/sinais; logos: que significa ciência/estudo. A semiologia é a parte da medicina que estuda os métodos corretos do exame clinico, sendo que os sinais clínicos podem gerar a interpretação dos mesmos, reunindo todas as informações possíveis para construção de um diagnostico.
 A semiologia pode ser subdivida em alguns itens:
- Semiotécnica: Uso de todos os recursos por parte do clínico para examinar o paciente enfermo desde a observação até a utilização de exames mais complexos
-Clinica Propedêutica: Reúne e interpreta os dados obtidos através do exame do paciente.
- Semiogênese: Procura explicar quais os mecanismos pelos quais os sintomas aparecem e se desenvolvem na doença.

CONCEITOS GERAIS

Na medicina veterinária a definição de sinal/sintoma é um evento anormal, orgânico ou funcional, pelo qual as doenças se revelam no animal (tosse, claudicação, dispneia). O sinal, por sua vez, não se limita à observação da manifestação anormal apresentada pelo animal, mas principalmente, a avaliação e a conclusão que o clínico retira do que foi observado ou por métodos físicos de exame. É um elemento de raciocínio! Por exemplo, quando há um aumento de volume em determinada região e sugere que seja um edema, para confirmar a sugestão se faz uma aplicação de compressão digital no local e se encontrar a marca do digito, após a retirada do dedo, é confirmado o edema, esta manobra se chama sinal de Godet positivo.
Síndrome: do grego syndromos = que correm juntos. É um conjunto de sinais clínicos de múltiplas causas, que afetam vários sistemas, podem caracterizar algumas enfermidades especificas (Síndrome úveo-dermatológica, síndrome de Shif-Sherington).
Diagnóstico: do grego diagnosis = ato de discernir, de conhecer. O diagnóstico é o ato de reconhecer determinadas enfermidades pelos sinais clínicos como também prever a sua possível evolução. Para um diagnóstico correto devemos realizar uma anamnese detalhada, um exame físico correto a e depois partir para os exames complementares, após a anamnese e o exame físico começam a surgir hipóteses, depois ocorre a avaliação dessas hipóteses, que devem ser calmamente analisadas e não devem ser precoces ou tendenciosas, pois podem resultar em um diagnostico incorreto.


(FEITOSA, 2014).
 Chegar a um diagnóstico é o trabalho mais difícil na pratica da medicina veterinária e implica diretamente sobre o sucesso no tratamento, existem alguns princípios enunciados por Huchinson no inicio de século que são válidos até a atualidade para se determinar um diagnóstico correto.
1. Não seja demasiadamente sagaz.
2. Não tenha pressa.
3. Não tenha predileções.
4. Não diagnostique raridades. Pense nas hipóteses mais simples.
5. Não tome um rótulo por diagnóstico.
6. Não tenha predileções
7. Não seja demasiado seguro de si.
8. Não hesite em rever seu diagnóstico, de tempo em tempo nos casos crónicos.

Diagnóstico
Significado
Presuntivo
Quando não é possível estabelecer de imediato o diagnóstico exato. Com a evolução do caso procura-se estabelecer por exclusão através das características dos sinais clínicos, tratamento (evolução) e exames complementares a serem realizados.
Definitivo
O nome é autoexplicativo, é o diagnostico que define qual é a enfermidade, pode ser estabelecido através do exame físico (ex: ausculta de um sopro cardíaco) ou do auxilio de exames complementares (Ex: histopatológico para confirmar neoplasia).
Diferencial
Caracterização de uma determinada enfermidade com base na comparação a outra que apresente sinais clínicos semelhantes e por exclusão se define qual é a correta. (Ex: Gastroenterites hemorrágica de Parvovirose ou Coronavirose). Podendo recorrer a lista de enfermidades da qual foi listada, caso o tratamento estabelecido não tenha sido efetivo.


Prognóstico: do grego pró: antes; gnosis: conhecer. Consiste em conhecer a enfermidade e suas possíveis consequências, o prognóstico consiste em 3 perspectivas : I. Salvar a vida, II. Recuperar a saúde, III. Manter a capacidade funcional de determinado órgão ou sistema. O prognóstico deve ser estipulado de maneira racional levando em consideração dados obtidos do histórico e avaliação clinica do animal para uma evolução para a cura.

Prognóstico
Perspectiva
Favorável
Evolução satisfatória da enfermidade (cura).
Reservado
Curso imprevisível ou com chance de complicações causadas pela enfermidade.
Desfavorável
Término fatal ou possibilidade de óbito causado pela enfermidade.

Tratamento: Meio utilizado para combater a doença e pode ser classificado em:

Causal
Combate a causa da enfermidade (Ex: administração de cálcio em casos de hipocalcemia).
Sintomático/Paliativo
Visa combater os sintomas (Ex: animal com dor é administrado analgésico).
Patogênico
Procura modificar o mecanismo da doença no organismo (soro antitetânico antes que as toxinas atinjam os neurônios).
Vital
Procura evitar complicações que levem o animal a morte (Ex: transfusão sanguínea).
Terapêutico
Procura realizar o fármaco para combater a doença e ao mesmo tempo com a evolução favorável, chegar ao diagnóstico definitivo.

MÉTODOS GERAIS DE EXPLORAÇÃO CLÍNICA

Inspeção: Utilizando a visão a distância, antes mesmo do inicio da anamnese, investiga-se a superfície corporal. Pode ser durante o exame físico realizado.
Palpação: Utilizando o tato através das mãos, pontas dos dedos para melhor determinar características de um sistema orgânico ou área explorada.
Auscultação: Avaliação dos ruídos que os órgãos produzem e também identificação de alguma alteração nos mesmos com auxilio de um estetoscópio.
Percussão: Pequenos golpes e batidas aplicados a determinadas áreas do corpo do animal é possível se obter informações sobre os tecidos adjacentes e porções mais profundas.
Olfação: Exploração pelo olfato das transpirações cutâneas, do ar expirado e das secreções eliminadas pelo animal.
Exames complementares: Realizados após exame físico aumentam as chances de se identificar com precisão as modificações ocasionadas pela enfermidade. Ex: Citologia, Punção, Hemograma, Leucograma, Radiografia, Ultrassonografia entre outros.

PLANO GERAL DE EXAME CLÍNICO

Etapas

Identificação do animal (resenha)
Espécie, raça, sexo, idade e direcionamentos particulares de cada item. (ex: raças com predisposição a determinadas enfermidades especificas).
Investigação da história do animal (anamnese)
Queixa principal, historia médica recente, comportamento dos órgãos, historia médica pregressa, ambiente e manejo, histórico familiar.
Exame físico geral
Detalhado principalmente relacionado ao estado fisiológico básico do animal e sem se deixar induzir pelo sistema afetado relatado na queixa principal. Avaliação dos parâmetros vitais.
Exame físico específico
Avaliação especifica dos sistemas (pele, reprodutor, neurológico, entre outros). Visando as arguições sobre a queixa principal.
Exames complementares (se necessário)
Solicitar visando concretizar ou sanar qualquer duvida após a realização do exame físico ou avaliar a gravidade da doença.
Diagnóstico e prognostico
Definir a enfermidade e sua evolução e probabilidade de cura.
Tratamento
Resolução do problema ou parte do problema, visando dar qualidade de vida ao paciente.

REFERÊNCIA           
FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. In: FEITOSA, FRANCISCO LEYDSON F.. Semiologia Veterinária: A Arte do Diagnóstico. 2014. ed. : Roca - Brasil, 2014. Cap. 1 - Introdução a Semiologia. p. 01-27.